terça-feira, 1 de dezembro de 2009

domingo, 29 de novembro de 2009

Fora do roteiro.

Foram só 4hs de sono, mas acordo desperta. Desperta apesar da sensação de embrulho no estômago, não de ressaca, mas de que há um dia totalmente inconveniente pela frente. Porque já é o dia seguinte, porque já é hoje quando bem podia ainda ser ontem.
Enfim.
Daí aviso a todo mundo que estou na fossa.
Na fossa, tive uma conversa super bem humorada com a "senhôura" minha mãe sobre amizades coloridas, na medida do possível, é claro.
Na fossa, esperei uma hora, de boa, entre banco e casa de câmbio, resolver-se uma transação financeira internacional para uma amiga.
Na fossa, corri 5km na academia, sem bico e sem tédio.
Na fossa, saí para me distrair (e esquecer da fossa...) e fui a um desfile, emendei pr´uma seresta na praça, segui para um violão cheio de Chico Buarque e ainda sobrou energia para rock, equilibrar latinhas na cabeça, 3 caipirinhas por R$10,00 e um temaki antes de voltar pra casa, às 5h da manhã.
(...)
E aí, nesse horário do dia em que tudo se esclarece - às 5h da manhã! - percebi que não há fossa nenhuma, que eu não vim com esse gene, e que o final deste episódio fugiu completamente do roteiro.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pedidos vermelhos

Árvore dos pedidos. Círio 2009. Praça da Sé.

E eu achava que nem tinha nada a pedir.
Correto mesmo, seria agradecer.
Mas, ah, se a árvore é de pedidos, peçamos!
Esforço algum:
Foi o brilho do cetim vermelho alcançar meus olhos e desembestei a escrever em metros e metros de fita.
Nada me tira que foi o vermelho a despertar os pedidos.
Meus pedidos sempre tiveram tons azuis e vinham numa fila serena e organizada.
Os pedidos vermelhos, estes se atropelavam todos, escorregavam um por cima do outro no cetim, não ligavam pros borrões - eram todos igualmente urgentes.
Deixei lá. Todos lá.
Meus pedidos vermelhos espremidos de mim.
Porque tem mesmo sido a minha cor.
E o que em mim ainda não for vermelho, que passe a ser.
Porque é vivo, porque é alegre, porque é forte e porque é rebelde.
E porque de sangue azul, nada entendo. Sou mais a plebe!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Órfãos do Eldorado: o presente, o Jabuti e o recado.

Laranjeiras, Rio de Janeiro.
Eu, toda serelepe - como de costume - na fila pra entrar na Casa Rosa.
Aquela energia de "ah, como me sinto em casa no Rio e blá blá blá".
Aquela zombaria sobre quantas vezes já estive lá no ano.
Aquela explicação de que, na cabeça das pessoas eu vou muito mais ao Rio do que de fato vou.
E aí, descendo a ladeira da Rua Alice ao nosso encontro, aparece a amiga conterrânea com um presente de aniversário um mês atrasado, e não por isso menos amado, mas que no mínimo seria uma sacolinha a carregar a noite inteira enquanto se sambava. O que importa? Guardei no coração.
Era "Órfãos do Eldorado", o livro do Milton Hatoum, nosso vizinho regional, nosso companheiro de FLIP e parceiro de mesa e de tema literário do Chico.
Ouso dizer que o distinto senhor também foi alvo de uma paixonite repentina surgida lá por Paraty. Mas isso são outros quinhentos.
O fato é que hoje vi que o livro foi o 2º lugar na categoria Romance do Prêmio Jabuti 2009 e logo lembrei de todas as ocasiões: a que o conheci, em Paraty; a que me presentearam, no Rio; e a que li o prefácio, em casa.
Não tenho exatamente noção se a amiga conterrânea tinha consciência do presente que me dava (no fundo, acho que tinha sim!), mas a primeira coisa que o livro me disse foi isso:

Dizes: "Vou pra outra terra, vou pra outro mar.
Encontrei uma cidade melhor que esta.

Todo o meu esforço é uma condenação escrita.
E meu coração, como o de um morto, está enterrado.
Até quando minha alma vai permanecer nesse marasmo?

Para onde olho, qualquer lugar que meu olhar alcança,
vejo minha vida em negras ruínas
Onde passei tantos anos, e os destruí e desperdicei".

Não encontrarás novas terras, nem outros mares.
A cidade irá contigo. Andarás sem rumo
Pelas mesmas ruas. Vais envelhecer no mesmo bairro,
Teu cabelo vai embranquecer nas mesmas casas.
Sempre chegarás a esta cidade. Não esperes ir a outro lugar,
Não há barco nem caminho pra ti.
Como dissipaste tua vida aqui
Neste pequeno lugar, arruinaste-a na Terra inteira.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Meu seriado mulherzinha favorito

Sério, cara, quem precisa de seriados com 4 personagens dessas atuando na minha vida?

Diálogo 1:


- Não tem desculpa, não adianta. A não ser que ele tenha morrido. Aí tudo bem. Mas se ele não morreu, não dá mais, não dá.
- Calma, amiga, como assim? O que houve?

- Nada. Não houve nada. Simplesmente sumiu. E eu tô aqui igual uma idiota sentada no chão da área de serviço com um bando de detergentes falando baixinho e muito puta. Eu só queria saber se ele morreu, só isso. Posso ligar pra ele só pra saber se ele morreu?
- Não. Não pode. Não agora. Não essa hora. Não sentada no chão da área de serviço com um bando de detergentes.
- Ah, então tá, era isso que eu queria saber. Obrigada, amiga. Vou desligar que tá tarde, tá? Beijo.

Diálogo 2:
- Ele tá aqui.
- Com a namorada?
- Não sei, se for a namorada eles não são um casal que se beija...
- Droga, esse nanico idiota de cabeça chata...
- Cara, a cabeça dele é muito chata, muito!
- Manda ele à merda pra mim?
- Posso mesmo? Olha que eu mando. Tô bêba...

Diálogo 3:
- E aí, mandou mensagem?
- Eu não. Liguei, logo, porque não sou moleca!
- E aí?
- Aí ele foi o homem mais fofo do universo, aquela coisa, passou tudo, e eu sou uma idiota. Me interna.
- Interno. Interno.

Diálogo 4:
- Aí que ele me pediu desculpa, disse que tá arrependido, perguntou se eu ainda queria ir morar com ele...
- Sééério? E aí?
- Ah, perguntou se aquela certeza que eu tinha dele ser o homem da minha vida ainda existia. Eu disse que não.
- Gente, que reviravolta. Mas e aí, como tu estás te sentindo com tudo isso?
- Porra. Tô me sentindo a She-ra!


Pela honra de Grayskull!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O pé e o balde.


Pra quem anda com o pé encostado no balde,
chutar é um peteleco.

E um peteleco, agora, até que não cairia mal não.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Festeja Arnaldão!



Desde 2005, depois de um show na falecida Escápole, que prometi a mim que jamais deixaria de assistir o Arnaldo Antunes em qualquer oportunidade.
Ainda bem que adoro cumprir promessas! (Ao menos as relacionadas aos prazeres...).
O cenário era um mosaico de camisetas coloridas e a banda com figurino todo "nos trinques", de paletó e gravata. Claro que uma das mangas de Arnaldo era vermelha, assim como suas calças - ou não seria Arnaldo Antunes - e Curumin, na bateria, usava uns óculos no estilo "fui ao cinema em 1990 assistir Querida Encolhi as Crianças em 3D". Edgar Scandurra também estava por ali, logo à esquerda, em sua normalidade.
Showzaço. Banda sensacional. Repertório idem.
Trouxe o CD (Iê Iê Iê) pra casa, não só pelas músicas adoráveis (holofotes para "A sua casa", "Longe" e "Sua menina"), mas porque ele é lindo de morrer (e sou daquelas que acha que CD também é de se ver, além de ouvir: salve o projeto gráfico!).
A versão de "Judiaria" do Lupcínio Rodrigues é um espetáculo, talhada a la Arnaldão, já nem sei mais pensar na música de outra forma.
Mas, putz, ouvir aquela voz gravíssima de tão grave e ver aquela performance de dancinhas descompassadas a apresentar "Vou festejar" foi ápice total da noite!

Um salve a Arnaldo Antunes! Um salve aos tons graves! Salve o Iê Iê Iê!

Castiga-me infinitamente


Passava o trailer do filme Budapeste. Mal olhava a TV. Mas quando ouvi a frase - sem sequer atentar para o contexo - formou-se um novelo de lã ali pela garganta seguido de um "glub" seco e um inevitável palavrão. Ela dizia pra ele: "Castiga-me infinitamente".
Caramba! "Castiga-me infinitamente" é algo que nunca, NUNCA mais vai sair da minha cabeça. Tem um quê de culpa e vários quês de cinismo. Tem dor e tem gozo. É entrega absoluta e despudorada. E eu quero. Ah, quero!
"Castiga-me infinitamente" vai ecoar pra sempre por aqui. Em portugês, por óbvio. A personagem de Budapeste faz o pedido em húngaro: magiar végtelenül büntess meg, mas isso são outros quinhentos que eu deixo pro Chico explicar:

“Naquele dia entrei em sua casa com o propósito de acertar as contas e dar por encerrado aquele curso de merda. Mas antes de partir faria um pronunciamento em língua portuguesa, num português brasileiro e muito chulo, com palavras oxítonas terminadas em ão, e com nomes de árvores indígenas e pratos africanos que a apavorassem, uma linguagem que reduzisse seu húngaro a zero. Deixei de fazê-lo devido ao visível arrependimento de Kriska, que só não me pediu perdão porque inexiste tal palavra em húngaro, ou melhor, existe mas ela se abstém de usá-la, por considerar um galicismo. Como forma coloquial de se expiar uma culpa, existe a expressão magiar végtelenül büntess meg, isto é, castiga-me infinitamente, numa tradução imperfeita. Foi o que ela me disse, sabendo que eu compreenderia não as palavras, mas o sincero sentimento posto nelas. Afagou-me o rosto com a ponta dos dedos, fechou os olhos e sussurrou végtelenül büntess meg, mantendo em seguida os lábios abertos, e no meu entendimento ela pedia para eu lhe beijar a boca.”
(Budapeste, de Zsoze Kósta)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sobre a arte da dar respostas a perguntas sem respostas

Aí você passa anos-luz pensando na vida. Entra e sai de crises existenciais. Questiona deus, o mundo, os astros, os búzios. Funde neurônios. Procura terapia. Enche os ouvidos dos amigos e do travesseiro. Enche a cara no fim de semana. Foge. Encara de frente. Enfim, vive toooodo aquele processo árduo, dolorido e desgastante de quem está insatisfeito, porém, acomodado e... pá! Um belo dia dá um estalo de lucidez, bate uma coragem desmedida, você se sente dona de si, Saturno está passando na casa certa, ou por qualquer outra razão possível que nunca se saberá exatamente qual é, você chuta o pau da barraca / toma a decisão / manda tudo pros infernos - tudo isso não sem sofrimento, pânico, medo, pavor e todos os demais sinônimos que dão gastura.

Feita a introdução, segue a cena:

Chefe do chefe: - Mas porque você quer sair? Eu não senti muita firmeza na justificativa que me deram...

Eu: - Ah, acho que já tava na hora de mudar, blá blá blá, crises existenciais, blá blá blá, queria experimentar coisas diferentes, blá blá blá... (tentei, juro!)

Chefe do chefe: - Mas quais são os seus planos? Você tem planos, né? Está saindo daqui pra trabalhar aonde?

Eu: - Então. Não sei ainda muito bem. Na verdade, vou pensar quand...

Chefe do chefe: - Ah, não. Então não acredito. Por que você não diz a verdade?

Eu: - Então tá. A verdade é que eu descobri que estou grávida e desde então vi que minha verdadeira vocação é ser mãe e decidi dedicar o resto da minha vida ao meu filho que vai nascer... a advocacia se tornou incompatível com o novo sentido da minha vida.

Chefe do chefe: - Err... Ah, então tá, minha filha, entendo como são essas coisas. Mas boa sorte nessa empreitada, a maternidade muda mesmo as pessoas, blá blá blá...

Pô. O ser humano sofre, passa noites insones pensando na complexidade da vida e tem que resumir tudo numa frase que faça sentido ou tenha crédito pra alguém que não tem a MENOR idéia do que... Ah, cara, chega uma hora que dá preguiça de explicar né? E essa coisa de dar a resposta perfeita para que não hajam mais perguntas, olha, É UMA ARTE! Passados uns meses, e se necessário for, encontro uma resposta branda para a barriga que não crescerá.

Depois da tempestade...

Não somos mais que uma gota de luz
Uma estrela que cai, uma fagulha tão só
Na idade do céu...
Não somos o que queríamos ser
Somos um breve pulsar em um silêncio antigo
Com a idade do céu...
Calma! Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure, deixe que o tempo cure
Deixe que a alma tenha a mesma idade
Que a idade do céu...
Não somos mais que um punhado de mar
Uma piada de Deus, um capricho do sol
No jardim do céu...
Não damos pé entre tanto tic tac
Entre tanto Big Bang
Somos um grão de sal
No mar do céu...
Calma! Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure, deixe que o tempo cure
Deixe que a alma tenha a mesma idade
Que a idade do céu.
(Paulinho Moska - A Idade do Céu)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sobre nomes e sobrenomes

É verdade que na Certidão de Nascimento consta Maíra Guimarães de Alencar, mas pouca gente que me conhece vai associar o nome à pessoa se após o Maíra estiver apenas o Alencar. Fato.
Entre os meus, sou, na verdade, Maíra Guimarães e ponto.
Nada contra a família do meu pai que é linda e gigante, e menos ainda contra o sobrenome. Acho Alencar digníssimo, nome de gente forte e classuda, mas sempre fui mesmo Maíra Guimarães.

Lá pelo 4º ano de um namoro que não vingou, parei pra pensar nisso. Putz, se eu casar e me tornar Maíra+Alencar+NomeDoMarido vou ser outro alguém e nada daquela que fui há vinte e tantos anos. Além disso, o então namorado era Fulano Barreto (apesar do último sobrenome ser Lima). E meus filhos? Como é que os filhos da Maíra Guimarães e do Fulano Barreto seriam Alencar+Lima?? Crise de identidade total nos moleques.

Aí que eu decidi que de um jeito ou de outro vou ser Guimarães pra sempre. Mesmo que esse discurso não signifique nenhuma grande rebeldia da minha parte diante da absoluta falta de perspectiva de casamento na minha vida (hahahahahah), aviso logo: o Guimarães fica, não tiro, não tiro e não tiro. E vai nos filhos, quero nem saber!

E pensando assim nessa coisa de nome e sobrenome, escrevendo esse texto que leva do nada pra lugar nenhum, tomei outra decisão inútil.
É que acho que meu apego ao Guimarães é muito pelo seu plural. Sabe? Ser tudo e tanto que não caberia num nome no singular? Que nem o Vinícius de Moraes que era tão tudo e tanto que foi plural de nome e sobrenome! (Ele jamais poderia ser algo como Vinício de Moral, jamais!).
Então, voltando à decisão inútil: só acrescento ao meu nome outro nome (em outras palavras: só caso/me uno/tenho filhos com alguém) se for no plural!

Tipo: Maíra Guimarães Sanches, Novaes, Bentes, Menezes, Soares, Bastos, Meireles, Rodrigues, Sales, Campos, Montes, Fernandes, Marques, Assis, Medeiros, Paes, Reis, Vasconcelos...

Hahahahahah.

Como se as coisas estivessem fáceis, né?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Julho, eu gosto.

Taí um projeto de vida interessante: morar em Belém apenas no mês de julho.
Andei pensando nisso e precisava deixar registrado. Vai que um belo dia descubro um talento obscuro e consigo viver de algo que me possibilite algumas excentricidades, né?

Julho é lindo. Não tem trânsito, não tem menino indo pra escola (e pra quem mora cercada pelos maiores colégios da cidade isso faz uma diferença que...), não tem chuva (ou ao menos chove-se muito pouco), não tem quase barulho e, o principal, os dias são muito, MUITO, muito bonitos! Cada fim de tarde que... ééééégua.

Outro item sensacional que contribui para esta paixão julina é que tem programação noturna a semana inteira. E sim, encontra-se os amigos deeesde a segunda-feira! E eu a-do-ro sair dia de semana, muito mais que sextas ou sábados. Aquela coisa, né, excentricidades.

O trabalho é sempre meio manso, pois não há burro de carga que consiga produzir 100% num calor infernal. Ouvi esse papo numa época em que não trabalhava e tinha certeza que era pura preguiça. Pois não é. Há algo nesse "quente e úmido" que suga as nossas energias, atormenta e inviabiliza a produção. Além do mais, os clientes parecem estar tão mais ocupados com o verão que deixam a gente bem mais em paz.

Ih, e já ia esquecer. Morar em Belém é ter sempre amigos indo e vindo. Sempre alguém vai embora. Sempre tem outro alguém voltando. Aí, chega julho, verão, sempre aparecem uns amigos amados a nos visitar - esse pensamento vale também para outubro e dezembro, é incrível como a população de gente querida dobra nesses meses.

Ó, talvez até dê pra aumentar esse tempo de estadia do projeto de vida: podia morar em Belém em julho, outubro e dezembro. Que tal?

Se bem que essas tardes lindas, como as de julho, não há!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

"Lá sou amiga do rei..." (ou do Príncipe)

Ah, queria muito postar dia a dia da FLIP e todos os detalhes ali vividos, mas enfim, tanto tempo já se passou e o maldito cotidiano reinou. Pra não perder as lembranças, posto o texto escrito para o www.guiart.com.br numa espécie de resumão que só fez aumentar meu banzo... E aí o que for lembrando e que tenha ficado de fora, acrescento e, pá, fica tudo certo, hehehe.

Olívia Hime disse que a primeira FLIP a gente nunca esquece e ela tem razão.
Chegar a Paraty e se deparar com as suas tendas e ornamentos, tudo montado no centro histórico e suas pedras sabão, é mesmo como entrar num mundinho mágico, um universo paralelo onde todo mundo festeja a literatura. Árvores de livros, bonecos de papel marchê na praça, balõezinhos de São João por todo lado. Uma cidade enfeitada de Manuel Bandeira.

Encantamentos à parte, assistir aos debates dos autores é maravilhoso. E exceto pela mesa badalada do Chico Buarque, cujos ingressos esgotaram em minutos, o acesso é super democrático: por R$30 assiste-se na Tenda dos Autores, por R$10 na Tenda do Telão, e caso não se consiga mais nem um, nem outro, basta estender uma canga na grama e se concentrar, o telão é visível a todos. Paulo Betti que o diga, estava sempre por ali.

Das pérolas que pude assistir, preciso citar Domingos de Oliveira, a falar de “Separações” e a invenção de uma nova moral nas relações amorosas, a nossa estaria ultrapassada; Sophie Calle e Grégoire Bouillier, ex-amantes que se reencontraram em Paraty após um rompimento por e-mail, protagonizaram a melhor lavagem de roupa suja da história; Antonio Lobo Antunes, escritor português de coração paraense, em uma ode ao oficio de escrever, foi certamente um dos pontos altos da FLIP; e claro, o Chico, que a meu ver fez o impossível: uma cidade inteira parar em silêncio absoluto para ouvir a leitura de um trecho de “Leite Derramado”, respeito que se estendeu a Milton Hatoum, seu companheiro de mesa e que não merecia menos.

Na Casa da Cultura, o pernambucano Marcelino Freire batia panela no juízo dos leitores, acompanhado do angolano Ondjaki e do carioca Marcelo Moutinho, todos autores do Dicionário Amoroso da Língua Portuguesa. Dali saíram as melhores cutucadas ao (des)acordo ortográfico que se pode imaginar. E viva o trema! E viva a diferença!

Voltando aos Hime, Francis e Olívia fizeram um show lindo na Tenda dos Autores. Ele, muito feliz. Ela, muito rouca, tratou de avisar que não era gripe suína. Claro que todos tinham esperança de uma participação do Chico, o que logo se desfez quando Francis cantou “Meu Caro Amigo”: “o Chico aproveita pra também mandar lembranças, a todo o pessoal, adeus”.

E no meio de tudo isso, seguindo um burburinho de festa e cometendo a ousadia de entrar na casa do príncipe, D. João Henrique de Orleans e Bragança, me deparo com um sarau de poesias no quintal real. Uma lareira convidativa, o príncipe ao lado, e a noite termina com um flautista tocando “Carinhoso”, música preferida de Manuel Bandeira, seguida de uma proposta de abraço coletivo para ir embora sob as bênçãos dos poetas. Juro!

Na volta pra casa fica muito claro que a FLIP cumpre seu objetivo. Da primeira poltrona do ônibus, olho pra trás e a constatação é linda: todas as pessoas, sem exceção, têm livros abertos nas mãos


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* É preciso acrescentar que Paulo Betti era encontrado e reencontrado a todo momento, em todos os lugares. Ah, detalhe, 5 dias com a mesma blusa de frio. Campanha do agasalho pra ele, já!


* Ficou de fora o Davi Foenkinos. Autor francês, maluco, que se auto-intitula cômico-depressivo e de fato o é. A mesa dele foi sobre o livro "Em caso de felicidade". Um papo sobre ditados polacos inventados, um personagem dono de uma agencia de viagens para quem não viaja, outro colecionador compulsivo que frequentava o Colecionadores Anônimos (onde todos sentavam exceto aquele que colecionava momentos em pé). Dele, comprei "O Potencial Erótico da Minha Mulher" e fui toda serelepe falar francês... ele me respondeu em inglês, espanhol, português, tudo, menos francês. Ok.


*Iiiih, e a descoberta da cachaça de Paraty? Enfim, foi conhecer a Gabriela e amor ao primeiro gole. Tornou-se, a Gabriela, o nosso "Floral de Bar", hehehehe. E viva os trocadilhos!



terça-feira, 7 de julho de 2009

Vou-me embora pra Pasárgada. (1º dia - FLIP).


1º dia, quarta-feira, 01/07/2009.

Poderia começar falando da viagem Rio-Paraty, mas não vivi este momento – um misto de ressaca, sono, Valeriane e Hixizine me apagaram pelas 4 horas de estrada. Vista bonita do lado esquerdo? Costa verde do Rio de Janeiro? Angra? Bom, não vi.
Rumo dos Ventos, nossa pousada, fofíssima e aconchegante, seria perfeita se não fosse a 1,5km de distância das tendas da FLIP. Ainda arriscamos uma primeira caminhada de ida, mas diante das bolhas nos pés e dos encontros com crianças de Paraty voltando da escola de máscaras contra a gripe suína, desistimos. E toma-lhe taxi daí por diante.
De cara pra FLIP – suas tendas e ornamentações – bem no centro histórico da cidade e suas pedras de sabão, impossível resistir ao charme. Árvores de livros, bonecos de papel marchê na praça, balõeszinhos de São João por todo lado. Uma cidade enfeitada de Manuel Bandeira.
Tateando o lugar e entendendo aos poucos o ambiente: Flipinha, FilpZona, Tenda dos Autores, Tenda do Telão, Tenda dos Autógrafos, Casa da Cultura e um desbravamento sem fim do centro histórico de Paraty.
Em frente ao cais, um pouco mais afastado de onde acontece a festa, restaurantes não menos charmosos, música boa e comida melhor ainda. O pedido? Um Chico Buarque, lógico, não só pelo prazer de dizer que comeu-se o Chico, mas porque era um robalo divino.
Até aí, perdi um casaco, ganhei um fã galanteador e encontrei o Paulo Betti umas três vezes. O casaco foi recuperado, o galã estava sempre em horário de serviço e o Paulo Betti me fez crer que é onipresente em Paraty, pois estava em todos os lugares ao mesmo tempo, até o final da FLIP ia acabar cumprimentando o rapaz com aquele sorrisinho típico de vizinho que se encontra diariamente no elevador, sabe?
À noite, show da Adriana Calcanhoto abriu a FLIP oficialmente. Aliás, bem chato. Não condizente com todo o resto. Maldita a hora que ela rimou ‘agora’, ‘adora’, ‘meia hora’, ‘vambora’ e ‘demora’ com a “cinza das horas”. É, porque só pode ter sido por isso.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ossos do Ofício

De cara simpatizei com meu barquinho rumo à Breves. E barquinho é puro despeito, meu meio de transporte era um navio, vá lá.

Aquela olhadela rápida em tudo, fazendo o reconhecimento do ambiente, espio o colorido das redes super bonito e nada confortável. Subo até a área aberta do navio onde tem uma lanchonete, mesinhas, nãnãnã, mas não há nada de paisagem às 19hs. E na caixa de som, Kátya, a cega, ecoa: "Não está sendo fácil, não está-á sendo fá-á-cil, não está sendo fácil viver assim..."

E eu só concordando.

Sigo pro meu camarote, um beliche maneiro, colchão honesto, TV, ar-condicionado, banheiro... é, acho que pode ser bom. Começo a fazer minhas palavras cruzadas, depois leio meu livro e vou socializar lá em cima, na lanchonete.

Melhor seleção musical DO MUNDO! Coloquei minha cadeirinha lááá no cantinho do navio, de frente pro rio e cantei até ficar rouca, sozinha, morrendo de rir:
1. Menina veneno - Ritchie
2. O amor e o poder - Rosana
3. Sonho de Ícaro - Biafra
4. Não está sendo fácil - Katia
5. Minha pequena Eva - Radio Taxi
6. I love you baby - Jane Duboc
7. Cuida bem de mim - Dalto
8. Volta pra mim - Roupa Nova
9. Mordida de amor - Yahoo
(vou pôr a seleção toda depois porque, sim, na volta eu pedi/implorei/clamei pro DJ do barco me dá o CD)

O dia foi amanhecendo e eu já totalmente adaptada ao meio, deixei vir a tona o bicho-grilo que há dentro de mim. Curti HORRORES a paisagem, fotografei, inspirei e expirei em concentração a la yoga, refleti sobre os quês e porquês e essas coisas todas da vida que nos aflige, enfim, uma terapia valendo!

A ida durou 15 horas, e não 12 como haviam me dito. Culpa da maré alta, ou algo do tipo. Eu nem senti. Aliás, senti sim. Senti alívio porque, dado o avançar da hora, a ida à Bagre foi suspensa por prazo indeterminado. Yes!

Cumprida a missão em Breves, sem estresses e na paz de Shiva, volto ao meu barquinho amado rumo à Belém. Meu camarote. Minha cadeira no cantinho de frente pro rio. Meu pôr do sol. Minha meditação. E o play daquela seleção musical em que o falsete do Biafra entoava pela 15ª vez:
"Voar, voar, subir, subir. Ir por onde for. Descer até o céu cair, ou mudar de cor.

Anjos de gás, asas de ilusão. E um sonho audaz, feito um b
alão...
Viver, viver e não fingir. Esconder no olhar
Pedir não mais, que permitir. Jogos de azar

Fauno lunar. Sombras no porão. E um show vulgar. Todo verão...
Fugir, meu bem, pra ser feliz só no pólo sul
Não vou mudar do meu país nem vestir azul...
Faça o sinal. Cante uma canção, sentimental, em qualquer tom..."

Ok, minha vida é boa mesmo. Meu grande sacrifício "ossos do ofício" tornou-se de repente uma terapia bicho-grilo super bem vinda!

Funcionária do mês

Das coisas que você aceita para depois pedir um agrado:
12 horas de barco, de Belém à Breves. Falatório com Magistrado local. Depois, pega uma voadeira e vai até Bagre (mais 50 min.). Falatório com Ministério Público local. Na volta, a voadeira pega o barco no meio do caminho, você faz algo como uma baldeação (só que não é metrô), e segue mais 12 horas no barco até Belém.
(Topei!)
Enquanto esta é a sua missão, seu chefe está "garoto, maroto, outra vez..." passando alguns diaszinhos em Goiânia, e sua colega de trabalho fazendo aquele esforço de ir à Brasília.
(Cara, sou ou não sou a funcionária do mês?)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Gosto muito de te ver, Leãozinho!


Tenho uma queda
lamentável por horóscopo, sério!
Acho um barato essa coisa forte e poderosa de ser Leão, ascendente em Escorpião, Lua em Virgem, e todas as consequencias que isso poderia trazer pra minha vida.
Claro que eu não levo isso tudo assim tão a sério e por mais amor que eu tenha à minha juba, estou muito longe (mas muito longe mesmo!) de andar por aí me sentindo a rainha da floresta.
Agora, convenhamos, têm umas previsões astrológicas que, sei lá, são um cafuné no nosso caos interior, hein?!
Ego Astral, amo você!



15/06 (hoje) às 20h07 a 30/06 às 23h37

Vivificação do humor


Marte em trigono com Lua natal

Bom humor e boa disposição social tendem a ser a tônica do período que vai dos dias 15/06 (hoje) às 20h07 e 30/06 às 23h37 para você, Maíra. Marte estará formando um ângulo estimulante e harmonioso à sua Lua de nascimento, e isso costuma dar uma dinamizada à vida emocional do indivíduo. Cores mais leves passam a tonificar o seu emocional, e este não é apenas um momento socialmente interessante como, sobretudo, tende a ser uma fase de reações emocionais positivas.

É curioso observar, Maíra, como muitas vezes passamos dias, às vezes até meses e anos mergulhados numa chateação ou ressentimento. Remoemos aquilo, até que de repente - bum! - a coisa passa. Em geral, são nos ciclos positivos de Marte com a Lua que a pessoa simplesmente "espana a poeira" e se livra de emoções chatas que não lhe servem mais. E este momento, para você, é agora!

Daí a importância de, neste momento, conhecer gente nova, permitir-se trocar emoções com os outros, fazer coisas que lhe dão prazer. É um bom momento para o intercâmbio de sentimentos, para a expressão das emoções, sobretudo com as pessoas mais íntimas, da família, os amigos mais chegados, ou os amores.


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eu, O+.

Aí que eu decidi parar de reclamar da vida e fazer alguma coisa que prestasse do meu dia. Arrumar uma boa ação, investir naquela coisa de corrente do bem, porque aquele blábláblá de "meus problemas", "meu umbigo", já tava dando nos nervos.
Resolvi doar sangue. Já tinha no currículo uma tentativa frustrada no passado e já tava super na hora de superar, até porque faz um bocado de tempo que não tenho menos de 50kg, agora sou 56kg com muito orgulho e cheia de sangue pra d(o)ar!
Saio do escritório correndo por um almoço adubado, toda uma preparação "pra ficar fortinho, pra ficar fortinho e cres-cer, e cres-cer", me sentindo super gente pela idéia mais ou menos altruísta que me passou e que funcionou, pois já até tinha esquecido meu umbigo e meus problemas.
Aí, que chega no Hemopa, pega senha, lê formulário, tudo beleza. Nunca tive hepatite, não gripei nem tive febre nas últimas semanas, mais de 50kg, bem alimentada. Aquela sensação de ser do bem de mãos dadas com todas aquelas pessoas e suas senhas, pensando nos motivos e não-motivos de cada um...(será que tem alguém em crise existencial aqui além de mim?
Minha vez.
Passo na primeira triagem de perguntinhas. Segue pro consultório nº1. Furam meu dedo, hemoglobina sucesso, pressão nos trinques. Segue pro consultório nº9. Mais perguntinhas e... putz: "Querida, você está provisioriamente recusada para doação de sangue."
Vai, Maíra, vai brincar de fazer cirurgia e depois querer pagar de benfeitora. São 6 meses de sangue recusado, okey?
Juro que em outubro eu faço mais uma tentativa, uma questão de honra agora entregar este meu O+ pra quem dele necessite.
A não ser que eu resolva fazer uma tatuagem até lá, aí lá vai mais um ano de sangue recusado.
E aí a sensação de ser gente, ser do bem, ser especial, se despede rindo da minha cara egoísta que só pensa nos próprios peitos!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

É preciso ser triste?

Não lembro mesmo de alguém ter me dito que as coisas seriam fáceis. Ao menos não me enganaram. Todos os dias vêm notícias tão ruins, tão sem controle, tão sem remédio. Sofro de saudade de amigos, de lugares, de mim e de tanta coisa. E fico tão aflita por já ter crescido e ainda não saber ao certo o que eu "quero ser quando crescer". E perduro assim, pasma diante dos pontos de interrogação, cheia de pavor. E tenho tido despedidas demais, sempre muito difíceis, e também não lembro de alguém ter me ensinado a lidar com esses adeus. E ando tão desconfiada de que não caibo mais onde me encontro, sem que me venha qualquer pista sobre qual lugar me conteria/compreenderia/caberia. Tudo isso sem falar nos amores inventados, na insônia, nas alergias... Enfim, ando envolta numa crise existencial toda minha e tenho achado muito engraçado perceber que não pertenço ao time dos cabisbaixos - não consigo me deprimir, não sei ser triste, melancólica. Tenho no máximo uma cara blasé ou um bico de mau humor, mas é só me desprevenir por alguns segundos que, quando vejo, sou atropelada por um sorriso que não cabe em mim!

A vitória (???) nossa de cada dia (Clarice Lispector)

"Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira. Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que nós temos feito de nós e a isso considerado vitória a cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregues a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: Tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puro e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "Pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos se ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia!"

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sobre sentir

Covardia, dúvida, insegurança. Impulso!
Vai!
Mão treme, rosto enrusbece e o ritmo cardíaco desenfreia.
Respira. (...). Respira. (...). Respira. (...).
Ri da tua cara!
Controla a situação? Pfff...
Fica triste, fica com raiva, vira prum lado, vira pro outro, dorme mal.
Acorda no fundo do poço. Todo o desânimo do mundo.
Surpresa!
Ansiedade, nervosismo, estômago arde.
Mão treme, rosto enrusbece e lá vai o ritmo cardíaco.
O mundo gira.
Fica feliz, feliz. Encantada, entorpecida, bocó.
E passa.
Desencanta, desilude, se despede.

E tudo dura muito pouco, pouquíssimo. Mas não importa. Porque sentir é preciso!

sábado, 30 de maio de 2009

Uma barra

Encontro!

Desencontro...

Reencontro?

Desencanto.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Milhas e milhas antes de dormir


Duas horas da manhã e uma insônia amiga me mantém acordada. Um anjinho sopra no ouvido: liga o computador, liga o computador... E eis que no primeiro site de notícias, PÁ, promoção de milhas na TAM! Ah, vá, é um sinal ou não é?
Da boa notícia para o aeroporto foi um pulo. E das minhas preciosas 7 mil milhas para um trecho honesto rumo a FLIP, um duplo mortal carpado!
Balanço do dia:
Destino = ok
Passagem de ida = ok

(fogos, muitos fogos!)

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A pergunta que não calará jamais:
Por que, TAM, por quê?
Caso você não tenha em mãos o seu cartão fidelidade, assinatura eletrônica e não possua a sua senha de 4 dígitos do TAM fidelidade, ah, nenhum problema: passagem emitida, taxa de embarque de praxe paga no débito, tranquilo.
Porém, "aaahh, porém", caso você esteja com cartão, assinatura eletrônica, CPF e o escambau, e ainda possua a sua senha de 4 dígitos do TAM fidelidade, aí, querida, volta pra casa e compra a passagem pelo site, ou será cobrada um taxa de R$40,00 no balcão da loja da TAM.

Quando eu digo que esse papo de tecnologia, modernidade, globalização, nanana, traz uns nós de marinheiro pra nossa vida... hum hum.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu vou pra Maracangalha, eu vooouu...


É incrivel como eu e Renatinha não nos aguentamos sem programar uma viagenzinha qualquer. É chegar de uma e agendar a outra, não importa o intervalo de tempo entre as duas, mas a próxima tem sempre que existir em vista.
Colocamos na cabeça que tínhamos que sair de Belém no feriado de Corpus Chrysti, nem que fosse aqui pelo interior: Marudá, alguma dessas Fazendas do sucesso, algo pelo Marajó, algum lugar com cachoeira, enfim. Nosso problema é essa mania terrível e desprovida de finanças de sonhar alto e aí, já viu: toma-lhe www.voegol.com.br e www.tam.com.br
Aí, a gente começa a achar uns trechinhos honestos, tipo São Luís, Fortaleza, essas coisas aqui pelas vizinhanças. É nessa hora que vem o mal da comparação:
- Cara, se é pra pagar quase quinhentos reais por alguns diaszinhos de nada em Fortaleza, melhor juntar uns duzentos a mais e ir pro Rio, não achas? E o que fazer em São Luís, não é o Maranhão que tá debaixo d´água?
Pronto. É o que basta para nossos sonhos alçarem vôos altíssimos, no Fantástico Mundo das Milionárias que Nunca Fomos.
- Pô, mas e se a gente guardar uma grana e viajar em Novembro, tipo Chile e Argentina. Ou tipo Venezuela, Peru e Colômbia. Será que sai muuuito caro ir pra Cuba? Pô, e pegar uma prainha no Caribe ia ser sussa néam?
O pior, ou melhor, sei lá, é que nada disso é descartado. Mas começamos a achar que novembro era, assim, um mês meio distante, e já que abandonaríamos a idéia de feriado de junho, quem sabe ali por julho não rolasse alguma coisa boa...
Putz, tem a FLIP! 01 a 05 de julho, Parati, livros, Chico Buarque, f...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Salve Jorge

"Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal."

Taí! Se tem um Santo por quem eu tenho a maior simpatia, assim de graça, é São Jorge.
Ah, ele tem uma cara boa, passa longe da placidez dos outros santos, empunha a espada e o escudo e vai à luta!
Pode ser também por causa da música do Caetano, Lua de São Jorge, que gosto muito desde pequenininha, sem motivos aparentes e apesar de não conseguir assobiar naquela parte instrumental.
Pode ser uma consequência óbvia de quem gosta de Jorge Ben que tanto exalta o santo xará.
O fato é que eu super vou com a cara de São Jorge.
No meu quarto novo ele ganhou um lugar todo especial, bem ao lado do Cristo Redentor, pra se sentir mais em casa. Ouvi dizer que tem um quê de carioca.
Hoje, dia 23 de abril é dia de São Jorge, o Santo da cara boa. Acho que acenderei um velinha equanto canto Lua de São Jorge ou uma qualquer de Jorge Ben, não custa nada, né?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Salvador.

"Cada músico tem uma maneira própria de construir sua carreira. Conto aqui como é a minha, explicando, no particular, o universo da minha profissão".

Infinito Ao Meu Redor salvou minha semana.
Marisa Monte é maravilhosa e ponto final.
A realização das pessoas que trabalham com música sempre me emociona e o DVD da Marisa é a materialização dessa emoção.
O show é lindo demais e eu sinto muita pena de ter assistido tão de longe com binóculos comprados na 25 de março que só serviam mesmo se fechasse um dos olhos... Mas tudo bem, eu estava lá quando ela teve um branco e esqueceu a letra do samba da Adriana Calcanhoto (e o erro torna o show único, palavras de Marisa).
A Adriana Calcanhoto também estava lá, mas bem mais na frente do que eu, sem binóculos, claro!
O documentário é uma delícia: a composição das músicas, a apresentação pra imprensa, a rotina das turnês, o contato com os fãs, a constatação do tempo de estrada, tudo muito bem narrado por ela. Enfim, me deleitei no DVD e sou ainda mais fã da música, da arte, do profissionalismo e da aura boa da Marisa.
Vou comprar. A espertinha da locadora só me dispõe do disco com o Documentário, nada do show. Vou comprar!

Os filmes companheiros da semana não agradaram. Desafinados só vale pelas músicas e pelo Santoro, mas aí não precisava do filme (fora o fato de que um velhinho engole o Selton Mello, por que Senhor?). Romance, apesar do Wagner Moura, não tem nada demais. Rocknrolla é a cara do Guy Ritchie, mas de todos os que eu já, o pior. Medos privados em lugares públicos não prendeu minha atenção, mal serviu pra treinar o francês. Antes que o diabo saiba você está morto foi o melhorzinho, mas ainda não serviu pra ser o salvador.

Salve a Marisa Monte. Salve Infinito ao Meu Redor.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

As férias do Horácio

É como naquele joguinho de dicas: nunca pude imaginar a palavra férias sem associar às palavras avião, praia, amigos, madrugada, shows, barzinhos etc e tal.
Dessa vez é diferente, 15 dias de férias em casa. Nada de bebericadas, nada de farrinhas e um bando de restrições alimentares. E, principalmente: nada de muito entusiasmo com os bracinhos!
Encher a cara de filmes e livros, e depender bastante dos meus companheiros de “confinamento”, já que serão férias de braços curtos em diversos sentidos.
Na bagagem: “Leite Derramado”, livro novo do Chico, presentinho especialmente para as férias do Horácio, que já treinou na horizontal apóia-lo e folheá-lo com seus bracinhos limitados. “Non-Stop”, da Martha Medeiros, para quando o sono só permitir uma crônica ao invés de um capítulo. E “Tudo o que você não soube”, da Fernanda Young, que é preciso terminar!
Tem também uma apostila de Concurso que, pelos meus cálculos, se conseguir ler 30 páginas por dia, terei terminado na véspera da prova que é no mês que vem.
Uma sacolinha de filmes para o primeiro final de semana: Antes que o diabo saiba você está morto; Medos privados em lugares públicos; Romance; Desafinados; Antes do Amanhecer; e RocknRolla.
Entre um filme e outro: Infinito ao Meu Redor (Marisa); Vagabundo Ao Vivo (Ney Mato Grosso e Pedro Luis e a Parede); e Carioca (Chico de novo).
Vamo lá!

A Anestesia (l´anesthésie)

Adoro histórias sobre anestesia!
Pode experimentar puxar o assunto numa mesa de bar e lá vem os causos mais bizarros: já ouvi quem tenha pegado a última palavra dita pelo médico e entoado uma daqueles axés de 1996/97 no maior desprendimento, já ouvi quem tenha conversado sobre o problema da educação no Brasil, já ouvi quem tenha pedido pão com ovo.
E nada de me vir uma gastritezinha pra eu ganhar uma endoscopia e curtir a tal liga da anestesia...
Mãããs, chegou meu dia! Finalmente experimentei a danada.
Chego no aparatamento do hospital crente que tinha passado incólume quando vem a médica e me conta que falei em FRANCÊS no meio da cirurgia.
CO-MO AS-SIM?
Será possivel que o meu subconSciente saiba francês? Porque juro que o consciente é semi-analfabeto.
O fato é que toquinha na cabeça + camisola de hospital + anestesia = pérola aos médicos: "Je suis celibataire!".
Rsrsrsrsrsrs.
Oh, mon dieu, quelle honte!!
(Vou perguntar ao subconsciente se a frase tá correta porque pff...)

segunda-feira, 30 de março de 2009

Dias plenos

Volto pra casa ridiculamente feliz quando tenho a sensação de ter conseguido viver exatamente aquilo que queria e precisava ser vivido naquele dia. É muito bom!

Não que eu saiba, a cada dia, o que eu quero e preciso viver... longe de mim! Nunca sei! Mas quando calha de acertar, nossa! Ao fim desse dia sou quase chata de tão efusiva: pulo, quero abraçar as pessoas, não respiro pra falar, essas coisas.

Lembro de ter me sentido assim quando saí do show do Chico, e depois do da Betânia e depois do último do Los Hermanos, óbvio. Mas também tive essa sensação depois de uma pernada de 14km de uma trilha em Goiás, na apresentação de Ouro Preto aos meus pais, na carona de um caminhão na volta do Hopi Hari, numa saga de 12hs de carnaval de rua no Rio de Janeiro.

E tenho que explicar, para que não pensem que sou de rara felicidade, que esse embasbacamento diante da vida ao fim do dia não me vem não só de grandes feitos, de jeito nenhum!

Pode vir de um bate-papo sobre grandes novidades de amigos distantes, pode vir de uma chinelagem pelos cafundós da cidade, pode vir de uma marchinha de carnaval entoada fora de época e de contexto, pode vir de uma crítica dolorida e transformadora, pode vir da discussão etílica sobre o sexo dos anjos às 6 da manhã em lugar qualquer, enfim!

A verdade é que tenho sido muito injusta nessa fase comprida de reclamar de tudo, uma fase de "ode à rabujice"! Imagina que mesmo com todo o bico do mundo, têm me vindo um monte de dias assim e eu mal os vinha percebendo... quanta bobagem!

Para ter uma idéia (para EU ter essa idéia!) só essas últimas semanas me veio uma lista honesta de dias desses:
1 - quando corri pro aeroporto depois de decidir em dois tempos trocar a passagem frustrada do RJ pro Carnaval para SP pro RadioHead;
2- quando me diverti sozinha bolando presentinho de despedida pra amiga;
3 - quando tive uma conversa franca e necessária, de horas, com o chefe e voltei pra casa com uns tantos quilos a menos;
4 - quando começei uma reforma no meu quarto e planejei outra em mim;
5 - quando me dei conta que meus amigos confiam a mim os seus amigos que se tornam meus também;
6 - quando eu loto uma fila de cinema de companheiras de crise no amor e saem todas de lá mais surtadas ainda;
7 - quando eu carreguei uma penca de gente pra quadra de uma escola de samba no Jurunas e saiu todo mundo de lá sabendo exatamente o que é essa sensação que deu origem a esse post!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Sobre a arte de espichar famílias.


Tenho uma família absurdamente família.
Chamar alguns dos meus tios de "tios" soaria até pejorativo, pois a palavra remete sempre àquela figura distante que aperta as suas bochechas algumas vezes no ano enquanto solta no vento aquele velho "oh, como você cresceu!".

Os meus não são desses. São meus amigos. Ora são meus fofoqueiros preferidos, ora meus hóspedes, ora anfitriões, ora meus pais/mães, ora irmãos caçulas, ora meus melhores companheiros de baladas e carnavais.

Acho o máximo a quantidade de vezes que eles se telefonam, é assunto que não acaba nunca. Me faz lembrar eu mesma com aquelas amigas de colégio, entre os 13 e os 14 anos. Espero ter afinidade e cumplicidade assim com minha irmã num futuro grisalho, porque ultimamente a convivência e os assuntos andam meio rarefeitos.

Claro que nem tudo são flores e que estou à milhas e milhas de ser uma filha, irmã, sobrinha etc ideal. Jamais diria a quem fosse que não são complexas essas relações, mas juro que me esforço para engolir sapos que se não digeridos transformariam-se em estupidez, e juro ainda mais forte que me penitencio muito quando não consigo segurar uma grosseria, ou quando meu mau-humor não me permite sorrir e bater um papo, por exemplo. Almejo melhorar...
Enfim, o fato é que adoro ter esse núcleo familiar meio espichado, que não se restringe à pai-mãe-filhos, sabe?

E se tem algo que reparo mesmo nos outros, é a relação que têm com a família.
Já tive até uma semi-paixonite por um carinha só porque ele tratava a mãe como a Rainha Elizabeth... não que ele não lembrasse um descendente da realeza inglesa, mas isso são outros quinhentos.

Morro de preocupação com os amigos cuja família não é lá muito estruturada, meus ombros serão sempre deles (e aos que quiserem, minha família também). E me desenfreio de dar conselhos àqueles que ultrapassam o que considero um limite digno de respeito aos pais.
Por outro lado, me vem a maior alegria do mundo quando reconheço na família dos amigos, algo da minha. Ganham, de pronto, meu sorriso mais largo e minha maior estima. E já arregaço às mangas pra espichar também o núcleo da amizade.

Não sei ao certo o que me fez parar pra pensar nisso tudo.
Talvez tenha sido porque um amigo do peito perdeu o pai (do peito, também). Naquele momento acre, fez-se doce a presença de tantos amigos que não estavam lá só para acalantar o filho, mas para se despedir do pai que era amigo também. Não estavam lá a oferecer pêsames, mas abraçavam-se pela mesma saudade, pois também perdiam um dos seus.
Ou talvez tenha sido porque outra amiga do peito fazia as malas pra ganhar o mundo e vi nos olhos da mãe dela os da minha: aquele olhar que nos vê de fraldas e carrega exatamente o mesmo tanto de orgulho e de tristeza por termos crescido. Um script de preocupações bobas (já tinha escutado todas!) que se atropelavam só para postergar o silêncio da despedida ou pra impedir que nos peçam para ficar.

Na verdade não importa muito o porquê, mas já que o pensamento me veio, que ele me fique como âncora, e que me venha à tona a cada iminente grosseria ou mau-humor imperdoáveis com esses sereszinhos ultra-especiais que eu amo e cujo sangue eu compartilho.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Crise de identidade

- Alô, é a Máira?
- Oi. Er... É Maíra. Bom dia.
- Oi Maíra, aqui é Fulana. Queria conversar com você sobre o processo tal. Pode ser?
- Claro! Vamo lá!
- Então, Maiara, a questão é que o prazo (blá blá blá)...
- Er... É Maíra. Mas enfim, não se preocupe quanto ao prazo, pois (blá blá blá)...
- Ah, então tá tudo bem, Marília. Qualquer coisa volto a entrar em contato.
- É MA-Í-RA. E fique a vontade, qualquer coisa pode voltar a ligar.
- Obrigada, Maria, ops, perdão, Marina, tenha um bom dia.
- Grrrrrr...

Gente, como assim? Não consigo entender essa dificuldade, juro que não consigo!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

"Eu não nasci de óculos, eu não era assim!"


Óculos nunca interfere seriamente na vida de alguém que possa usar lentes. Não é o meu caso, já testo a 4ª marca e todas me trouxeram algum problema. A última marca testada deixa meus olhos (eu falaria bagos se não fosse tão criticada por isso) doloridos e avermelhados por semanas. Não é fácil!

Monta o cenário: a pessoa no show da Madonna, cai uma chuva torrencial logo após rasgar a sua linda capa de R$4,00, imbuida de um otimismo vindo sabe-se lá de onde de que não mais choveria... o moleton emprestado do amigo, que no inicio quebrou o galho, agora pesa 2 toneladas, encharcado... câimbra, muita câimbra nos braços, depois de 30 minutos de show segurando (tipo cabaninha pros óculos, saca?) o capuz do moleton-camarada que até então salvava as lentes dos respingos... desisto, ao final de cada música, visão turva e lentes ensopadas, procuro um pedaço de roupa seca para enxugar a porcaria dos óculos. Madonna numa ginástica lá em cima, eu noutra ginástica lá embaixo. Cada um no seu quadrado!

Meu reino por um pára-brisas de óculos!

Cena 2: a pessoa, cansada de sua cara quatro olhos, sai pra baladinha semi-cega. Cheia de sombra, lápis, rímel, mas sem enxergar muita coisa. Cinco kiwiroskas depois, acha que precisa retomar o controle da situação e põe os óculos pra pegar o taxi e voltar pra casa. No meio de uma soneca, ouve algo caindo de si, acha que é sonho, e fica por isso mesmo. Dia seguinte: CADÊ OS MEUS ÓCULOS??? E ainda sob o efeitos do kiwi, a criatura quer ligar para os óculos para descobrir onde estão, que tal??

Meu outro reino por um óculos com chip!

Um pequeno afago neste blog abandonado.

Um milhão de preguiças depois, retorno! É sempre assim, e assim é que é bom... era só o que faltava ter compromisso com isso aqui!