segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

TIrinhas Carnavalescas

As TIrinhas devem ser lidas com sotaque. InDIspensável a caixa alta para acentuar todos os "Tês" e "Dês". É como deve ser em bom pérnambuquês!

1 - Alceu Valença, Lenine e DJ Dolores são onipresentes. PraTIcamenTE a SanTÍssima TrindaDE.

2 - Aquele guarda-chuva coloridinho de frevo não é mero adereço carnavalesco. Ele é a única sombra-amiga-companheira possível duranTE várias horas. Bloqueador solar pra acompanhar, não custa.

3 - Quem é que pode dizer que já levou uma bofetada de um Boneco de Olinda? Não, não é pra qualquer um. E DIgo mais: vai ter mão pesada assim lá na Ladeira da MisericórDIa!

4 - Atenção! Ali pelo Largo de São Bento, quarteirão da Prefeitura de Olinda existe um buraco negro, um Triângulo das Bermudas, uma Ilha de Lost, ou qualquer coisa do gênero. Não marque encontros por ali, vai por mim!

5 - ExisTE um botão coleTIvo que é, de alguma forma, acionado todas as vezes que toca a Vassourinha e faz as pessoas pularem. Não importa quantas vezes ao DIa toque, não importa há quantas horas você está em pé. Vassourinha+Botão= Pulos.

6 - Conselhos de pernambucanos devem ser levados a sério: "Moço, como eu chego no supermercado?". Play no sotaque: "Ólhi, minha filha, você tá vendo esse caminho aqui? Pois siga. Pegue seu DÉsTIno e vá. Mar-num-saia-do-seu-DÉsTIno por nada nesse mundo, que você chega lá!". Imagina se ao invés do caminho do supermercado fosse perguntado o caminho a seguir na vida!

7- Ouvir a galera gritar em bom pérnambuquês pela Gabi Amaranto, no Rec Beat, não tem preço. Hahahahah. "DIva, DIva, DIva...". Quem precisa da Beyoncé?

8 - O Galo da Madrugada é uma experiência antropológica. PrincipalmenTE se você está no camarote do PCdoB localizado em um Motel. É!

9 - Paira no ar, o tempo todo, um conviTE irrÉsisTÍvel ao entorPÉcimento. Fato.

10 - Ir a uma balada chamada "Que Putz, Sem Loção" e se deparar com um cartaz na portaria com os DIzeres "Proibida a entrada de Débora Secco" é o tipo de coisa que só o Recife faz por você.

11 - É de uma generosidade sem tamanho dos deuses do Carnaval permitir que uma alérgica à cerveja beba intensamente por 3 dias sem qualquer reação (Skol a R$1,00!!!). Passei ao Ice nos últimos dias sem birra.

12 - Por mais fundo que se cave o prato de macaxeira da Casa de Noca, ela não acaba nunca!

13 - Desfaz-se o mito: é possível dançar frevo! Desde que em slow motion.

Obs: a lista de TIrinhas poderá crescer conforme a memória se restabelecer.

Que se chamava Carnaval, Carnaval, Carnaval...

Hino do Elefante de Olinda*

Ao som dos clarins de momo
O povo aclama com todo andor
O elefante exaltando as suas tradições
E também seu esplendor

Olinda, este meu canto
Foi inspirado em teu louvor
entre confetes, serpentinas, venho te oferecer
Com alegria o meu amor

Olinda, quero cantar
À ti, esta canção
Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar
Faz vibrar meu coração
De amor a sonhar, minha Olinda sem igual

Salve o teu carnaval

*a ideia era substituir a musica por um post digno do Carnaval. Mas a música é hino, e fica. Outro post virá! :-)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Up in the air

Eu poderia escrever zilhões de coisas sobre "Up in the air". Até evitei o bate-papo pós cinema porque acho que só pararia de falar com a chegada da corriqueira rouquidão.

Como adepta e entusiasta da filosofia "viajar é preciso" a identificação com a história é automática e o contexto em que se passa a trama me é muito familiar.

O fato é que há um monte do Ryan (personagem do George Clooney) nessa nossa geração cool de desapegados, descompromissados, sempre "em frente e avante" para abraçar o mundo inteiro sem na verdade abraçar ninguém.

Visto a carapuça e digo, sem pestanejar: aceitaria AGORA uma vida que significasse viajar, viajar e viajar. Conhecer gente, lugares, culturas, sem passagem de volta, sem data de retorno. Tranquilo. Vamo lá. Saudade administra-se.

Mas o quanto há de verdade nesse desapego?

Daí volta-se ao filme. "Up in the air" retrata a solidão do tal homem moderno, para quem a ausência de raízes e ligações pessoais não é um problema, mas uma maneira de viver a vida. O personagem não finca os pés, passa mais tempo em deslocamentos aéreos do que em terra. Tem mais afinidades com aeromoças e comissários de bordo do que com família e amigos. Fica mais à vontade com os procedimentos de embarque e desembarque do que em uma reunião familiar.

Claro que há muita caricatura em tudo isso, mas é possível levar uns bons tapas na cara.

Por que tanto medo de "estacionar"? Viajamos pra ir ao outro lugar ou para fugir de onde estamos? Ou porque não achamos o que procuramos? Ou porque, simplesmente, nem descobrimos o quê procurar?? Daí inventamos uma justificativa qualquer (no filme, a meta do personagem é voar 10 milhões de milhas) para dar algum sentido a essa ansia de não parar.

A cena final é perfeita em retratar essa confusão. Ryan tem, em milhagens, a possibilidade de voar para onde quiser. Poderia dar diversas voltas ao mundo. Mas termina imóvel frente a um enorme painel de embarques com incontáveis destinos a lhe piscar, sem saber pra onde ir. Qual destino, afinal, faz sentido quando não há pelo que ficar ou pelo que voltar?

Não, a vida NÃO cabe em uma mochila. E as relações pessoais são um peso IMPRESCINDÍVEL de se carregar. Necessitamos SIM dos laços para (bem) viver, ainda que estejamos nos moldando às novas formas de atá-los.

BAUMAN que me perdoe, mas, no final das contas, a vida, a modernidade, as relações, não são tão líquidas assim...