sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Só pra deixar registradinho!

Desculpa
Você me diz que eu te olho profundamente.
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente.
Eu te ensinei quem sou e você foi me tirando os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre, não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse possibilidade de eu me inventar de novo.
Desculpa, desculpa se te olho profundamente, rente à pele.
A ponto de ver seus ancestrais nos seus traços,
A ponto de ver a estrada antes dos teus passos.
Eu não vou separar minhas vitórias dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim; nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar vivo e permanecer te olhando...profundamente!

Show no Hangar. Belém, 06/10/2007.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Sobre labirintites, terremotos e a cobra grande.



...Sabe aquele senhor autista que ficava na esquina da TVA (Magalhães Barata com a 9 de Janeiro) olhando as TVs pela vidraça e se balançando pra frente e pra trás? Pois é. Era essa a sensação do meu corpo. Mas eu olhava pra ele e tava tudo tão paradinho!
Achei que era algum problema nas minhas lentes, não temos mesmo uma realação muito amigável e eu já estava com ela há alguns dias, era bem provável uma dorzinha de cabeça ou uma tontura. Aperto forte os olhos. Nada. Continuo autista, pra frente e pra trás.
Olho pros objetos: computador, telefone, caderninho de anotações. Tudo parado, quem se mexe sou eu, pra frente e pra trás, mas não é possivel! Se bem que com tantos anos de som alto nos ouvidos não acharia nada impossível ter adquirido uma labirintite pra minha vida, sei lá!
Olho pra colega ao lado: "Acho que estou com labirintite...". Colega ao lado responde: "Sabes que já ia te dizer que estou com a impressão que vou desmaiar...".
Caiu a ficha! Não éramos nós que balançávamos, era o prédio!!
Gritarias. Correrias. "Deixa tudo ligado". "Deixa tudo aberto". "Mas são 15 andares!" "Tira o sapato que não vai dar tempo!".
Definitivamente tenho fôlego suficiente para a prova prática da Polícia Federal. Sou a primeira a chegar lá embaixo. Vejo um bando de zé olhando pra cima pra ver se o prédio vai cair na cabeça deles. Affe!
Corro em direção ao meu carro, afinal de contas eu ainda não estava salva, tinha certeza que o prédio ia tombar pra trás e era ali, atrás, que estava estacionado o Chevete (apelido carinhoso!).
Ligo pro chefe que estava são e salvo no aeroporto de Brasília: "Cheeeefe, o prédio tá caiiiiiindo!". Ele diz entre um gole e outro de um chopp, com a serenidade de quem está bem longe "Mas era só o que faltava acontecer!!!! Vá pra casa e me informe de tudo!"
Ligo pra mamãe, vai que sai algum plantão no jornal e ela assiste o prédio que a filhinha dela trabalha desabando... "Mãe, o Infante de Sagres tá balançando, acho que esse negócio vai cair... Mas eu tô bem, já estou no carro indo pra casa, não te preocupa". Resposta inesperada de mãe: "Hahahahahaha. Mas tu tens cada uma! Depois eu falo contigo que estou em uma reunião" . Éééé, deixa, queria só ver a cara dela quando visse a cena do prédio caindo na televisão...
Sã e salva, suada e nervosa, chego em casa e corro à internet a saber o que houve. Telefones tocam, notícias chegam, muitas labirintites e tonturas pela cidade inteira. Foi um terremoto. Láááá na Martinica. Meu prédio não caiu. Ufa!
"Chefe, o prédio não caiu, foi só um terremoto..."
"Ok. Então a audiência amanhã às 9 da manhã está de pé!"

Obs: Preciso registrar a opinião de minha amiga paraense porém habitante de sumpáulo: "Que terremoto, menina? É a cobra grande que ficou revoltada com esse papo de prender mulher junto com homem, resolveu se mexer e desabar tudo nesse Estado!"