sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sobre a arte da dar respostas a perguntas sem respostas

Aí você passa anos-luz pensando na vida. Entra e sai de crises existenciais. Questiona deus, o mundo, os astros, os búzios. Funde neurônios. Procura terapia. Enche os ouvidos dos amigos e do travesseiro. Enche a cara no fim de semana. Foge. Encara de frente. Enfim, vive toooodo aquele processo árduo, dolorido e desgastante de quem está insatisfeito, porém, acomodado e... pá! Um belo dia dá um estalo de lucidez, bate uma coragem desmedida, você se sente dona de si, Saturno está passando na casa certa, ou por qualquer outra razão possível que nunca se saberá exatamente qual é, você chuta o pau da barraca / toma a decisão / manda tudo pros infernos - tudo isso não sem sofrimento, pânico, medo, pavor e todos os demais sinônimos que dão gastura.

Feita a introdução, segue a cena:

Chefe do chefe: - Mas porque você quer sair? Eu não senti muita firmeza na justificativa que me deram...

Eu: - Ah, acho que já tava na hora de mudar, blá blá blá, crises existenciais, blá blá blá, queria experimentar coisas diferentes, blá blá blá... (tentei, juro!)

Chefe do chefe: - Mas quais são os seus planos? Você tem planos, né? Está saindo daqui pra trabalhar aonde?

Eu: - Então. Não sei ainda muito bem. Na verdade, vou pensar quand...

Chefe do chefe: - Ah, não. Então não acredito. Por que você não diz a verdade?

Eu: - Então tá. A verdade é que eu descobri que estou grávida e desde então vi que minha verdadeira vocação é ser mãe e decidi dedicar o resto da minha vida ao meu filho que vai nascer... a advocacia se tornou incompatível com o novo sentido da minha vida.

Chefe do chefe: - Err... Ah, então tá, minha filha, entendo como são essas coisas. Mas boa sorte nessa empreitada, a maternidade muda mesmo as pessoas, blá blá blá...

Pô. O ser humano sofre, passa noites insones pensando na complexidade da vida e tem que resumir tudo numa frase que faça sentido ou tenha crédito pra alguém que não tem a MENOR idéia do que... Ah, cara, chega uma hora que dá preguiça de explicar né? E essa coisa de dar a resposta perfeita para que não hajam mais perguntas, olha, É UMA ARTE! Passados uns meses, e se necessário for, encontro uma resposta branda para a barriga que não crescerá.

Um comentário:

Coisas e afins disse...

Eu fiquei pensando se eu tinha feito isso alguma vez na vida e percebi que Saturno passou pela casa certa várias vezes. Muita benção. Muita felicidade por ti e cada vez mais carinho. :)