domingo, 22 de maio de 2011

Para guardar rancor/Para guardar amor

O tema debatido noite a dentro foi rancor. Pesado, né? E se pesa só de falar ou escrever, imagina o peso do acúmulo de um monte desses no decorrer da vida.
Eram duas as protagonistas do debate. Uma lembrava de já ter sido muito rancorosa e de hoje, simplesmente, não ser mais. Ou quase não ser. E a outra, dona de um dos melhores corações já vistos, se intitulava rancorosa com orgulho.
Claro que todos os demais debatedores envolvidos, todos muito queridos, sabiam que nem aquela havia garantido seu lugarzinho no céu por estar no time dos sem-rancor e muito menos a outra deixava de ser a dona de um dos melhores corações que conheciam por carregar nele esse desagradável peso. Mas a história rendeu.
A primeira contava que se alguém aprontava com ela na quinta-feira, no sábado já havia esquecido totalmente as razões da mágoa. Que mágoa?. A duração do seu rancor era de mais ou menos 48hs. Ia ficando pequeno até sumir. A outra falava com as mais vívidas lembranças de coisas que aconteceram há anos. E tudo seguia do mesmo tamanho.
E com toda a leveza que se era possível, graças ao amor que os debatedores tinham entre si, construiu-se e destruiu-se argumentos, fez-se piadas, detectou-se confusões. Porque a gente confunde mesmo as coisas. Será que não guardar rancor é sinônimo de se deixar fazer de bobo? E será que para fazer valer o amor-próprio é preciso guardar rancor? Então é assim: os bobos, deixam pra lá, e os cheios de personalidade, levam a ferro e fogo. Que nada! Ali a prova, eram duas bobas e cheias de personalidade, mas com níveis de rancores absolutamente diferentes, e tudo bem.
De qualquer forma, é certo que voltaram pra casa, as duas, ponderando seus rancores (e não-rancores). Soube que a primeira decidiu fazer um caderninho, escrever na capa "Para Guardar Rancores" e anotar ali as 'malvadezas' que lhe fizessem para o caso de precisar lembrá-las. É que ficou dito no debate que é bom, às vezes, lembrar desses desagrados. Não entendeu muito quando nem porquê, mas vai que de fato seja... E ela ficou de recomendar à outra que fizesse um caderninho e escrevesse na capa "Para Guardar Amores", e para cada anotação de amor ela podia riscar um rancor até, quem sabe, zerar a balança.
O dos rancores já foi feito. Por enquanto segue com as páginas todas em branco e bem guardado numa gaveta. Imagina-se que o que for, porventura, escrito, acabará virando anedota. Ou então ele pode ficar ali, na gaveta, em branco e esquecido. É também um destino provável.

...Ah, essas coisas que se guardam em gavetas nunca visitadas. Pra quê? Guardar rancor acumula mofo, dá ácaro. E como já é de conhecimento geral, eu sou alérgica. Não posso. Recomendações médicas.

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