terça-feira, 5 de abril de 2011

Levantou poeira

Não é que eu ande varrendo as coisas pra baixo do tapete. Ou é? Vai ver que até varro, mas como não sou dada às prendas domésticas, acabo deixando espalhadas pela casa aquelas poeirinhas que não consigo juntar num montinho suficiente volumoso para que pudessem ser alcançadas pelas cerdas da vassoura. A vassoura é das boas, não é essa a questão. O problema é ela ser manipulada por um ser humano desses com pouquíssima coordenação motora para as atividades do lar feito eu. E aí essas poeirinhas ficam por lá, vários motins de poeirinhas, à espera da destreza que não tenho. E acho justo que elas, as poerinhas, me olhem feio e fofoquem entre si num tom cheio de cobrança porque falta de destreza não é desculpa pra largá-las ali. Muito menos pra sufocá-las embaixo do tapete. Dizer que elas sequer se avistam é d´uma tremenda cara de pau. Basta passar o dedo no chão e atestar, ali elas permanecem empoeirando a casa toda. Ignorá-las, seja por preguiça, por cara de pau, ou por dor nas costas, carrega mesmo um quê de masoquismo porque é bem isso que vai acontecer: os motins de poeirinhas logo se chamarão ácaros, me entupirão as vias aéreas, me empolarão a pele e eu vou ter que pegar a vassoura - porque dar fim às próprias poeirinhas não é função delegável - e tossindo, espirrando e me coçando, varrerei tudo como se deve. Pra fora da casa.

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