quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ossos do Ofício

De cara simpatizei com meu barquinho rumo à Breves. E barquinho é puro despeito, meu meio de transporte era um navio, vá lá.

Aquela olhadela rápida em tudo, fazendo o reconhecimento do ambiente, espio o colorido das redes super bonito e nada confortável. Subo até a área aberta do navio onde tem uma lanchonete, mesinhas, nãnãnã, mas não há nada de paisagem às 19hs. E na caixa de som, Kátya, a cega, ecoa: "Não está sendo fácil, não está-á sendo fá-á-cil, não está sendo fácil viver assim..."

E eu só concordando.

Sigo pro meu camarote, um beliche maneiro, colchão honesto, TV, ar-condicionado, banheiro... é, acho que pode ser bom. Começo a fazer minhas palavras cruzadas, depois leio meu livro e vou socializar lá em cima, na lanchonete.

Melhor seleção musical DO MUNDO! Coloquei minha cadeirinha lááá no cantinho do navio, de frente pro rio e cantei até ficar rouca, sozinha, morrendo de rir:
1. Menina veneno - Ritchie
2. O amor e o poder - Rosana
3. Sonho de Ícaro - Biafra
4. Não está sendo fácil - Katia
5. Minha pequena Eva - Radio Taxi
6. I love you baby - Jane Duboc
7. Cuida bem de mim - Dalto
8. Volta pra mim - Roupa Nova
9. Mordida de amor - Yahoo
(vou pôr a seleção toda depois porque, sim, na volta eu pedi/implorei/clamei pro DJ do barco me dá o CD)

O dia foi amanhecendo e eu já totalmente adaptada ao meio, deixei vir a tona o bicho-grilo que há dentro de mim. Curti HORRORES a paisagem, fotografei, inspirei e expirei em concentração a la yoga, refleti sobre os quês e porquês e essas coisas todas da vida que nos aflige, enfim, uma terapia valendo!

A ida durou 15 horas, e não 12 como haviam me dito. Culpa da maré alta, ou algo do tipo. Eu nem senti. Aliás, senti sim. Senti alívio porque, dado o avançar da hora, a ida à Bagre foi suspensa por prazo indeterminado. Yes!

Cumprida a missão em Breves, sem estresses e na paz de Shiva, volto ao meu barquinho amado rumo à Belém. Meu camarote. Minha cadeira no cantinho de frente pro rio. Meu pôr do sol. Minha meditação. E o play daquela seleção musical em que o falsete do Biafra entoava pela 15ª vez:
"Voar, voar, subir, subir. Ir por onde for. Descer até o céu cair, ou mudar de cor.

Anjos de gás, asas de ilusão. E um sonho audaz, feito um b
alão...
Viver, viver e não fingir. Esconder no olhar
Pedir não mais, que permitir. Jogos de azar

Fauno lunar. Sombras no porão. E um show vulgar. Todo verão...
Fugir, meu bem, pra ser feliz só no pólo sul
Não vou mudar do meu país nem vestir azul...
Faça o sinal. Cante uma canção, sentimental, em qualquer tom..."

Ok, minha vida é boa mesmo. Meu grande sacrifício "ossos do ofício" tornou-se de repente uma terapia bicho-grilo super bem vinda!

2 comentários:

Leo Aquino disse...

Ainda bem que você não tava precisando de transporte prum hospital em Belém. Nesse caso, duvido que o papo de terapia colasse... hehehehe

Mas a viagem é ótima mesmo. Tente da próxima vez uma esticada até Portel. Mais umas 3 ou 4 horinhas de cruzeiro... :)

Beijos!

Coisas e afins disse...

Cara, isso é sério?

SEN SA CI O NAL!

Ta vendo? eu também resolvir desencanar e ver que a minha vida é muito boa!

Egua, uma saudade de ti...

"Fez chorar de dor o seu amor, um amor tão delicado..." (é o que eu to ouvindo agora)