quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Sobre labirintites, terremotos e a cobra grande.



...Sabe aquele senhor autista que ficava na esquina da TVA (Magalhães Barata com a 9 de Janeiro) olhando as TVs pela vidraça e se balançando pra frente e pra trás? Pois é. Era essa a sensação do meu corpo. Mas eu olhava pra ele e tava tudo tão paradinho!
Achei que era algum problema nas minhas lentes, não temos mesmo uma realação muito amigável e eu já estava com ela há alguns dias, era bem provável uma dorzinha de cabeça ou uma tontura. Aperto forte os olhos. Nada. Continuo autista, pra frente e pra trás.
Olho pros objetos: computador, telefone, caderninho de anotações. Tudo parado, quem se mexe sou eu, pra frente e pra trás, mas não é possivel! Se bem que com tantos anos de som alto nos ouvidos não acharia nada impossível ter adquirido uma labirintite pra minha vida, sei lá!
Olho pra colega ao lado: "Acho que estou com labirintite...". Colega ao lado responde: "Sabes que já ia te dizer que estou com a impressão que vou desmaiar...".
Caiu a ficha! Não éramos nós que balançávamos, era o prédio!!
Gritarias. Correrias. "Deixa tudo ligado". "Deixa tudo aberto". "Mas são 15 andares!" "Tira o sapato que não vai dar tempo!".
Definitivamente tenho fôlego suficiente para a prova prática da Polícia Federal. Sou a primeira a chegar lá embaixo. Vejo um bando de zé olhando pra cima pra ver se o prédio vai cair na cabeça deles. Affe!
Corro em direção ao meu carro, afinal de contas eu ainda não estava salva, tinha certeza que o prédio ia tombar pra trás e era ali, atrás, que estava estacionado o Chevete (apelido carinhoso!).
Ligo pro chefe que estava são e salvo no aeroporto de Brasília: "Cheeeefe, o prédio tá caiiiiiindo!". Ele diz entre um gole e outro de um chopp, com a serenidade de quem está bem longe "Mas era só o que faltava acontecer!!!! Vá pra casa e me informe de tudo!"
Ligo pra mamãe, vai que sai algum plantão no jornal e ela assiste o prédio que a filhinha dela trabalha desabando... "Mãe, o Infante de Sagres tá balançando, acho que esse negócio vai cair... Mas eu tô bem, já estou no carro indo pra casa, não te preocupa". Resposta inesperada de mãe: "Hahahahahaha. Mas tu tens cada uma! Depois eu falo contigo que estou em uma reunião" . Éééé, deixa, queria só ver a cara dela quando visse a cena do prédio caindo na televisão...
Sã e salva, suada e nervosa, chego em casa e corro à internet a saber o que houve. Telefones tocam, notícias chegam, muitas labirintites e tonturas pela cidade inteira. Foi um terremoto. Láááá na Martinica. Meu prédio não caiu. Ufa!
"Chefe, o prédio não caiu, foi só um terremoto..."
"Ok. Então a audiência amanhã às 9 da manhã está de pé!"

Obs: Preciso registrar a opinião de minha amiga paraense porém habitante de sumpáulo: "Que terremoto, menina? É a cobra grande que ficou revoltada com esse papo de prender mulher junto com homem, resolveu se mexer e desabar tudo nesse Estado!"

Um comentário:

 Vicente Nascimento disse...

sabe que nao era má ideia, se revoltar contra a politica e desabar tudo? quem sabe depois a cobra grande nao faz uma visitinha no congresso :P